sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Opinião

As opiniões são como as vaginas.
Há quem tenha, quem não tenha, e dos que têm alguns resolvem dar e outros não.
As opiniões são sobretudo uma idealização que desejamos induzir nos outros, ou pelo menos uma pauta que os outros devem seguir. Nós próprios até, temos uma situação de dever para com as opiniões, sem no entanto agirmos de acordo com elas. Ainda que convictos, o que projetamos do nosso pensamento não tem tradução no “real”. Opiniões são ideias expressas e por isso têm um sentido de intencionalidade, ainda que apenas de representação.
As opiniões não produzem qualquer benefício nem qualquer dano, são por elas anódinas, estéreis, inócuas, abnóxias, um placebo… Pernicioso e infesto é a intolerância de quem receia as ideias.
A confusão e o conflito advêm da nossa relação com as nossas opiniões e as dos outros. Por vezes, ainda que na linha das opiniões haja tantos pontos e posturas diferentes, se por aproximação ou intuição se compreenda, ainda que não se satisfaça ninguém ou a maioria, posto que os extremos coincidam, o problema fica resolvido.
A partidarização então é um fenómeno tanto de agregação como de autonomia, estranhamente duas pulsões tão antagónicas em meio interno, que se confundem num simples ‘estás por mim ou contra mim’, ignorando todo o território médio. Tanto que discordo, desencaixo, outras que tento atafulhar coisas nos outros sem me aperceber desta realidade. Quando no fundo, de nada importa e a ninguém serve.
Entretanto, há o outro. As suas ideias, as suas projeções, a sua incapacidade sobre o que nada posso fazer. Da minha parte este é um banco neutro, terra de ninguém.
Quem se quiser sentar é bem-vindo.

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