terça-feira, 23 de novembro de 2010

O doido encerado

Psicose é um quadro psicopatológico clássico (...) no qual se verifica certa "perda de contacto com a realidade". Nos períodos de crises mais intensas podem ocorrer alucinações ou delírios, desorganização psíquica que inclua pensamento desorganizado e/ou paranóide, acentuada inquietude psicomotora, sensações de angústia intensa e opressão, e insônia severa. Tal é frequentemente acompanhado por uma falta de "crítica" ou de "insight" que se traduz numa incapacidade de reconhecer o carácter estranho ou bizarro do comportamento. Desta forma surgem também, nos momentos de crise, dificuldades de interacção social e em cumprir normalmente as actividades de vida diária.


Para ponto de partida para esta reflexão tive que pesquisar por uma definição correcta e consensual, como é óbvio. E por isso fui à wikipedia copiar colar e aqui está.
Já agora alucinação é quando há um erro na Percepção (ou seja vê-se coisas, ouve-se coisas, sente-se coisas). E delírio é um erro do Pensamento (um construto mental que não está de acordo com a realidade: perseguição, ciume, megalomania...). Só para termos uma mesma noção, básica, do que estamos a falar.

Estamos mais que habituados a lidar com todo aquele doido varrido da nossa rua, da nossa aldeia. Não faz mal a ninguém, é apenas inconveniente e agressivo para as nossas mentes tão bem embaladas dentro da caixa. Mas qual o interesse de falar de doidos varridos? Varrer é do século passado, e já de meio... Que os há doidos, não varridos, mas bem compostos asseados e limpinhos que até brilham, mas que estão tão afastados da realidade, tão sem contacto como os outros.

O problema é que estes não carecem de tratamentos, não são internados, e têm implicações na nossa vida. Deixam tudo encerado, pouco importa se bem se mal, se interessa se não, ou se há coisas muito mais importantes a ter atenção. Já tentei ir ao delegado de saúde expor a situação, mas ele diz que não há solução para isso, e que se eu repetisse a brincadeira ele não ia gostar...

Continua a custar-me ainda assim conviver com com o doido encerado, diz faz decide coisas, que fazem tanto sentido como a pulseira do equilíbrio, a palmilha emagrecedora ou a pedra da felicidade. E o pior, é que tenho que relevar como em todos os outros, porque eles não têm crítica para a sua situação, não conseguem observar a bizarria de si próprios...

Perdoem, o homem esteve descomputorizado demasiado tempo.