sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Perdido no espaço-tempo

Grosso, egoista, pedante e prepotente.
Nada entra na minha bolha, sintese dos escolhos trilhados em solidão interna. Afasta.
Por quantos magoei à custa do meu desconhecido.

Não há nada aqui, mas o que há é meu.

Música de Filme

Algures, todos nos sentimos desconfortáveis. A meia do elastico frouxo que insiste em se enrolar no pé, ou, para as senhoras, as seis horas em cima do salto... Nesse lugar, algo não está bem e, embora possamos inumerar a razão para o sentirmos, nem podemos afirmar porque a situação nos é tão desagradável.

O desconforto não é apenas a negação do dito. É uma ofensa ao ânimo. Prende-se que nada que façamos nos retira da experiencia de desconsolo e desalento, por muito que se puxe a meio do elástico frouxo para o devido lugar, ou atiremos fora os sapatos de salto...
O desconforto continua solto no mundo.

Fujo a tudo que me causa desconforto, angústia, sofrimento porque não sei lidar com eles. Ofende a minha integridade, desbarata a sensatez, expõe a fragilidade. Tudo rebate então no peito, seja por fora ou por dentro, aprisionando o sofrimento para lá de mim; ou para cá de mim... Perda, fracasso e morte.

Levamos muitas coisas pela vida fora; resolvemos tristeza, frio, fome, raiva... Dentro de nós o conflito, o fogo o barulho e a noite, e o desconforto continua solto no mundo.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Retorno à Inocência

2012 trouxe-nos, bem, não nos trouxe nada. Retirou-nos (à maioria de nós) alguma capacidade económica.
A desesperança alastrou-se mesmo aos mais optimistas, e é esta falta de visão e confiança no futuro que moi e angustia cada um de nós, toda uma geração vergada à negação dos seus sonhos e das suas capacidades.

O dinheiro, linguagem habitual do mundo, deixou para muitos de ser a forma de obter gratificação, pela sua escassês, por uma distribuição de riqueza que os desfavorece.
Não que o dinheiro tenha desaparecido, não que a linguagem universal tenha mudado, não que a maior preocupação se tenha alterado. Apenas, está nas mãos que melhor o conhecem, que melhor o entendem, e que dele menos precisam.

Eu entendo, e até balbucio umas coisas nesta linguagem, mas não é a primeira, a habitual, a materna. Andamos tão ocupados com esta, que nos esquecemos de falar na forma primordial, naquela que nos gratifica, acolhe e protege.

Então, re-olho para as suas dimensões, busco a oportunidade entre a dificuldade. Desejo e tenho esperança na redescoberta do que nos faz felizes, humanos, e do que nos esquece-mos com frequência.
Não precisamos do metal, do papel; que se torne evidente que na nossa meninice, não nos fez falta para correr, brincar e sorrir! Encontrar a felicidade no sorriso de quem se quer, no calor do companheirismo, da amizade e do enamoramento.

Nessa altura, a linguagem que compreendiamos era apenas a do afecto. Compreendiamos quando viamos tristeza, quando celebravamos realmente, quando nos emocionavamos intensamente. Desaprendemos?

O que é de mais básico, de mais visceral, intrinseco, passa a ser secundario, banal, ignorável?
Inserimos o cepticismo, a lógica, a responsabilidade e principalmente a dependência. Para nos tornar-mos aceitáveis, para vegetar-mos... É inacreditável!

Ai! como advogo o regresso à linguagem do afecto! Aquela em que hoje somos tão incompetentes...
Agarro a oportunidade para me envolver comigo e com os outros, pois do que careço é dos que me são iguais, o que me faz realmente falta é a linguagem perdida.

Quero regressar ao belo, ao mágico, ao milagre... à inocência.